quarta-feira, 3 de agosto de 2011

MATRIX, AVATAR OU NICOLELIS


São 24,6 milhões de pessoas que possuem algum tipo de deficiência no Brasil, ou seja, 14,5% da população total (Censo 2000). Dentre elas uma parcela significativa de pessoas têm lesão medular que impossibilita algumas, muitas vezes, não só de andar como também de qualquer outra atividade que dependa de suas funções motoras.
Assustados com a estatística? Perplexos com as constatações? Ou inertes a um índice que faz parte de nosso dia-a-dia, mas, ao mesmo tempo, foge aos nossos olhos?
Quem então iria se preocupar ou se ocupar em fazer pesquisas, métodos que pudessem ao menos minimizar as dificuldades dos portadores de deficiências?
Os governantes, que nem ao menos as calçadas das cidades mantêm adequadas para que as pessoas possam ir e vir? E aquele artigo na Constituição brasileira que garante a todo e qualquer cidadão brasileiro ou estrangeiro residente aqui que são iguais perante a lei? Sumiu e ninguém viu…
Mas, não tão distante, Miguel Nicolelis – que poderá ser o nosso 1º prêmio Nobel – promete, com suas pesquisas sobre fusões entre homens e máquinas, fazer, em plena copa de 2014, um jovem tetraplégico dar o pontapé inicial, controlando uma estrutura robótica com os desejos enviados por seu cérebro.
Mais uma vez assustados? Com certeza você deve estar achando que ou eu sou louca ou devo estar sonhando. E está certo. Sou louca. Louca por encontrar alguém dotado de inteligência e sensibilidade que possa refazer a esperança de milhares de pessoas no mundo. E estou sonhando, sim, pois, ainda que pareça impossível, é preciso sonhar sempre…
Mas a loucura e sonhos meus e de tantos outros podem estar próximos de serem realizados, como nos contos de ficção onde o imaginário se funde à realidade, Nicolelis promete trazer a realidade, não só ficção, mas os sonhos e esperanças de muitas pessoas que viam isso acontecer somente nas telas dos cinemas.
Explico. O cientista esteve na FLIP 2011 – Feira Literária Internacional de Paraty (http://www.youtube.com/watch?v=JBnQWmb2bdA) apresentando seu Projeto para a Copa e o livro” Muito além do nosso eu – A nova neurociência que une cérebro e máquinas e como ela pode mudar nossas vidas”, lançado em março nos USA e que chegou ao Brasil em junho.
Nicolelis não é e nem precisa ser reconhecido por mais ninguém, para provar que é hoje o cientista brasileiro de mais importância no campo da neurociência. Seu livro reúne suas ideias, teorias e descobertas em que está à frente há mais de vinte anos no laboratório na Universidade Duke. O prêmio Nobel também parece estar prestes a acontecer, visto que o neurocientista foi convidado para apresentar um simpósio em plena Fundação Nobel, em Estocolmo, na Suécia. Pela primeira vez, os comitês responsáveis pelas premiações nas área da Medicina, Química e Física se reuniram para organizar um evento multidisciplinar, cujo tema é justamente a fusão homem-robô, assunto do qual ele é a maior autoridade no mundo.
Trata-se não só de um marco para a neurociência no mundo, quanto para todas as pesquisas já desenvolvidas e ainda em fase de teste para pacientes tetraplégicos, uma vez que muitas delas são baseadas em células troncos, o que ainda em muitos países envolve ceticismos e convicções religiosas que impedem seus avanços com resultados.
A pesquisa de Nicolelis é tão bem fundamentada que ele impõe seu próprio prazo. Garante que, em 2014, fará um tetraplégico se mover a ponto de chutar uma bola. Em três anos e meio irá ser feita a primeira demonstração do projeto Walk Again – uma estrutura robótica que irá possibilitar aos tetraplégicos que voltem a se movimentar com autonomia completa, apenas com a força do pensamento. Em sua primeira fase foi demonstrado que é possível extrair sinais de controle motor de todo o corpo, inclusive de membros inferiores e superiores, o que garante o conjunto de ações fundamentais para se andar, para o balanço e equilíbrio.
“O Nicolelis é daqueles cientistas fora de seu tempo, que projetam sua visão no futuro e, assim, pensam e trabalham pelo benefício que seu gênio pode trazer ao coletivo social. Pensar nele é pensar em uma Ciência mais nobre e divina. Eu acho que esse projeto é revolucionário e pode transformar não só o dia-a-dia de quem vai se beneficiar, como também milhões de pessoas direta e indiretamente, tanto na questão da saúde, esporte, entretenimento e inúmeras outras aplicações com desdobramentos incalculáveis. ” Afirma Ricardo Gonzalez R. Souza, tetraplégico há 14 anos, Biólogo e Coordenador do Instituto Novo Ser – ONG voltada à inclusão de pessoas com deficiências físicas no Rio de Janeiro (www.novoser.org.br).
Genialidade que move expectativas, sonhos e esperanças, usando a arte e ficção como inspiração para a revolução da vida real. A arte imita a vida ou é Nicolelis aquele que faz, da arte, realidade.

Cris Vale
Fonte: Revista Vixe

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